Curty Qualidade | Características de um Laboratório de Biologia Molecular
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A utilização rotineira de técnicas moleculares nos laboratórios de Análises Clínicas foi possibilitada após a invenção da PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) pelo americano Kary Mullis em 1983, propiciando a realização de diagnósticos em nível molecular. A PCR permite que uma determinada sequência de DNA seja copiada milhões de vezes. Desde sua invenção, muito se desenvolveu nesta área e temos disponíveis várias aplicações da PCR, como: Multiplex PCR, Real Time PCR, PCR na detecção de polimorfismos e mutações patológicas, PCR sequenciamento, PCR e DNA fingerprinting ( biologia forense e testes de paternidade). O desenvolvimento constante de novos protocolos traz importantes contribuições ao diagnóstico laboratorial e podemos citar: o aumento da sensibilidade no diagnóstico das doenças infecciosas, possibilidade de  genotipar agentes infecciosos e antecipar a resposta ao tratamento, estudar as variações das doenças genéticas, monitorar pacientes com doenças infecciosas através da quantificação do agente, atuar como uma importante ferramenta na medicina preventiva, através de análises genéticas que determinam a presença de fatores de risco para determinadas doenças.

Um laboratório de Biologia Molecular precisa ter uma estrutura que permita um perfeito fluxo de trabalho, com áreas dedicadas e separadas fisicamente.

Um problema grave que pode ocorrer em um laboratório de Biologia Molecular (BIOMOL) é a suscetibilidade de contaminação da técnica pelo seu próprio produto, que são os amplicons gerados pela reação em cadeia pela polimerase (PCR).

A manutenção do laboratório livre deste tipo de contaminação é um dos desafios da BIOMOL, já que depois de instalada, além de causar resultados equivocados, em alguns casos é muito difícil de ser eliminada. Portanto, o mais recomendado é que o laboratório trabalhe com medidas preventivas, evitando o risco de contaminação da assim chamada área de pré- amplificação pelos produtos de PCR gerados na área de pós-amplificação.

O problema maior da contaminação por amplicons é que ela não pode ser vista, sentida ou detectada a olho nu, antes que aconteça. O uso de algumas medidas, a conscientização da equipe e a limpeza constante das áreas de trabalho, asseguram uma abordagem vigilante e pró-ativa em relação à contaminação.

As áreas de pré e pós PCR devem ser separadas, mantendo um fluxo de circulação unidirecional

Além dos analistas, este fluxo deve ser respeitado por todos que precisem circular na área técnica, como: pessoal de limpeza, manutenção, visitantes, etc.

Assim como deve ser mantido o fluxo unidirecional para circulação de pessoas, todo material utilizado deve ser dedicado às áreas específicas, ou seja, os setores devem ter seus próprios equipamentos, pipetas, EPI e demais materiais. É extremamente desaconselhável que qualquer material que já tenha entrado na área de pós- amplificação retorne à área de pré. Normalmente, é utilizada pouca vidraria no laboratório, sendo prudente a opção pelo preparo de reagentes em recipientes descartáveis, porém, havendo a necessidade de lavagem de material, a mesma deve ser feita dentro da própria sala para que não haja mistura ou contato do material do pré com o do pós. Também é importante ressaltar que não seja utilizado sistema de ar condicionado centralizado nestas duas áreas para que não ocorra circulação de ar entre elas.

Outro cuidado a ser tomado é com as pipetas dispensadoras por pressão de ar, pois produzem aerossol durante as operações de pipetagem. Por este motivo, é essencial o uso de ponteiras com filtro (bloqueadoras de aerossóis).O mais aconselhável é a utilização de tubos primários, mas,havendo a necessidade de preparar alíquotas, também devem ser utilizadas ponteiras com barreira de proteção e tubos de transferência descartáveis, assim evita-se a contaminação do material por RNAse e DNAse, que podem interferir na reação de PCR, através da degradação do material genético. Alguns outros cuidados também devem ser tomados durante o procedimento de pipetagem, manipulação das amostras, extração e amplificação de ácidos nucléicos. As luvas devem ser trocadas frequentemente, sendo altamente desaconselhável o uso de luva com talco, pois podem inibir as reações de PCR. Os tubos contendo amostras devem ser abertos com o auxílio de gaze ou papel absorvente, procurando evitar o derramamento do material e também a formação de aerossol.

Além do controle de contaminação, outras recomendações são importantes para a Biologia Molecular. Normalmente, os volumes dispensados são muito pequenos, por isso, é importante manter um procedimento de calibração periódico para assegurar a precisão e exatidão destes volumes.

As enzimas utilizadas são de fácil degradação. É aconselhável que as enzimas cujo armazenamento seja em baixas temperaturas estejam mantidas em cooler, deste modo, a variação de temperatura que ocorre normalmente ao abrir e fechar a geladeira, assim como a própria utilização na bancada, não afetaria sua integridade.

Ademais, o laboratório deve tomar todas as medidas de Biossegurança e adotar critérios de Qualidade comuns a outros laboratórios de análises clínicas.